segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

30 de Dezembro de 2010

Levantamos por volta de umas 9 da manha e o Nicola se ofereceu para ir fazer a reserva para mim por telefone no Backpacker de Ushuaia, enquanto isso eu fique arrumando a bagagem e acertando o pagamento.

Pegamos a Ruta por volta de 11 da manha, paramos no posto que estava na saída da cidade e enquanto estávamos abastecendo chegou um cara com uma chopper da Yamaha, era o Armando Carvallo, um argentino de Rio Gallegos, que muito “profeticamente” nos aconselhou a tomar cuidado com os Guanacos, uns bichos parecidos com a Lhamas, bem grandes, eles tem por volta de uns 200 a 250 quilos e são compridos e ágeis como veados.

Saímos então do posto, e tocamos rumo Sul, depois de uma meia hora mais ou menos o Armando nos ultrapassou andando forte, nos estávamos a 120, ele passou dando tchau e eu lembro de pensar que ele sendo da região conhecia bem a Ruta para poder acelerar...

Bem passados uns 30 minutos, eu seguia na frente e quando terminou uma seqüência de curvas descendentes, vejo uns ônibus e uns caminhões encostados e no meio deles a moto do Armando, ou o que sobrou dela, e ele estirado no chão, paramos bem a tempo, pois o povo que o estava socorrendo, estava dando-lhe água e o colocaram deitado com a jaqueta servindo de travesseiro.

Pedi que não dessem mais água e que não o movimentassem mais, um motorista de ônibus que estava ajudando não gostou muito de eu estar interferindo, mais depois de explicar a situação ele concordou. Combinamos então que o Nicolas que é Argentino seguiria só para Rio Gallegos, que estava a pouco menos de 100 KM, e entrasse em contato com a família de Armando, e tambem providenciasse uma Ambulância. Em quanto isso ficamos eu e o Bart com o Armando.

Ele estava em choque e gradativamente foi recobrando a consciência, conversando com ele já fomos vendo que ele tinha o pulso e algumas costelas quebradas e escoriações pelo rosto. Ele estava usando um capacete escamoteavel que se abriu com o impacto com o solo e ele estava com um hematoma vermelho no queixo e sangrava pelo nariz.

Ficamos nessa agonia por uma hora ai chegou uma caminhonete da Petrobras com dois Argentinos gente boa que passaram um radio para base dele que era próxima, uns 40 km, de onde estávamos, e pediram que viesse uma ambulância e um paramédico para socorrer-nos.

Foi a salvação, pois como descobrimos depois o Nicola não tinha conseguido acionar a ambulância da estrada pois os telefones não funcionavam, e então ficou tentando sem sucesso, de outros lugares sem chegar a  Rio Gallegos. O paramédico da Petrobras chegou primeiro, trouxe com ele uma maca e examinou o Armando, e constatou que aparentemente não sofrera nenhum dano cerebral. A ambulância da Petrobrás chegou uma hora mais tarde, embarcamos o Armando e colocamos a moto em cima de uma caminhonete e seguimos para Rio Gallegos. O pessoal da Petrobras tambem acionou uma ambulância de Rio Gallegos que nos encontrou na estrada, e de lá finalmente fomos para o Hospital. A coisa toda demorou umas 5 horas e ainda sim considero que o Armando deu muita sorte pois a estrada era muito herma, e as condições como os telefones de SOS fora de serviço não favoreciam o socorro.

Deixamos o Armando no Hospital e nos certificamos que a família estava avisada e seguimos viagem pois ainda tínhamos de concertar a moto do Bart e chegar a tempo de pegar a Balsa para atravessar para ilha. Foi corrido e acabamos chegando no porto da balsa meia hora antes da ultima balsa, por volta das 11 e meia da noite.

A travessia durou uma meia hora e por conta da escuridão não deu para apreciar a paisagem, tambem começava a fazer muito frio e o vento estava forte. Depois da travessia, o Nicolas e o Bart me falaram que iriam acampar, eu fiquei preocupado pois não tinha barraca e nada de Camping comigo, o Nicola me ofereceu a barraca dele para passar a noite, eu topei mesmo porque não tinha outra opção, só que tive de passar a noite de roupa e sem saco de dormir. Com o frio e ventania, foi uma noite difícil. O dia de fortes emoções então terminou assim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário